O Rei da praia
Ele abriu os olhos que logo se encheram de lágrimas ao entrarem em contato com a luz do Sol. Sentiu-se como se houvesse dormido por anos. Sentou-se na cama com o corpo dolorido. Estava confuso. Havia sonhado com um lugar triste. Com pessoas tristes. Olhou para as pernas e em seguida para os pés. Era como se antes não estivessem lá. Ou não os pudesse usar. Levantou-se rapidamente. Logo, concluiu que suas pernas e pés eram fortes e saudáveis. Sempre foram. Mas sentia-se como se não fosse. Olhou em volta. Havia pranchas por todo quarto. E troféus. Muitos troféus. Mas não conseguia lembrar de quando e onde havia ganhado tantos troféus. Lembrou da festa em sua homenagem na noite anterior. Ressaca...
Havia uma cadeira e uma mesa com um computador ao lado da cama. Ao sentar-se na cadeira, um momento de distração o fez lembrar que um sonho louco o havia perturbado durante toda noite. Tinha algo a ver com uma cadeira; Algo com dor, dependência. Era como uma prisão. Uma prisão sem muros, mas cercada de amigos. Não lembrava o rosto deles. Nem seus nomes. E eram tantos. E havia uma bela garota que ficava sempre por perto. Sempre disposta a ajudar, com um sorriso estampado no rosto. Uma tristeza foi chegando, querendo tomar conta de sua mente confusa e ressacada. Uma lágrima começou a surgir. Logo percebeu o som que vinha da janela. Era o mar. Melhor: Era o som de ondas!! Correu para a janela e logo pode avistar o mar. E que mar! As ondas estavam enormes. Não pensou duas vezes; Pegou uma de suas pranchas, pulou a janela e correu para os braços do mar. Logo que os outros surfistas o viram, o cumprimentaram como era de costume:
Salve Barão!
Salve Rei da praia!
“A morte nada mais é, que o acordar do sonho da vida.”(Raul Seixas)