Pernambucanos duplamente presenteados neste Natal

Querido Papai Noel,
Confesso que não acreditava no senhor. Mas depois dos dois presentes que o senhor nos mandou, mesmo antes das comemorações natalinas, pensei:
São tão bons, que só pode ser coisa do Papai Noel.
Era tudo o que precisávamos!
Imagine o senhor, que nós já estávamos cansados de andar em uma frota de ônibus tão segura, com veículos tão bem conservados e rápidos, pagando as míseras tarifas de R$ 1,50 “A”; R$ 2,30 “B”; R$ 1,80 “D”; R$ 1,40 “E” e 0,50 “S”. Tudo que precisávamos agora era de um aumento destas tarifas. Agora para ir a cidade e voltar, tenho que ter no mínimo cinco velas. Tenho certeza, que os problemas de transporte público que já não existiam, como superlotação e insegurança, agora estão resolvidos para sempre.
Pensou que eu esqueci o outro presente?
Nana nina não!
Os garçons, seguranças, vendedores ambulantes, proprietários de pequenos, médios e grandes bares, flanelinhas, cozinheiros e muitos outros, os quais a infantilidade mental não me permite lembrar, Agora poderão ir para casa mais cedo. Uns quem sabe, poderão a partir de agora, ficar em casa com os filhos, brincando o tempo todo. Eu só acho que os homens de capus, vão querer cobrar direitos autorais. Já faz um bom tempo que eles inventaram o toque de recolher aqui na comunidade. Também não sei se eles irão permitir que passe para onze horas da noite. Pois aqui o toque de recolher é às dez. Mas se eles não deixarem os duendes que trabalham pro senhor e andam nos carros iluminados, chegarão e reclamarão com os homens de capus, aí eles vão deixar os bares abertos até às onze.
Sem contar que agora ninguém mata mais ninguém durante a noite. Se o senhor botar um toque de recolher de manhã também, ninguém nunca mais vai matar mais ninguém. Acaba a violência. E se todo mundo andar sem dinheiro, sem relógio, sem pulseira ou colar, sem tênis, e sem nada, o ladrão não vai poder mais roubar ninguém. Agora eu moro num lugar com transporte barato e sem violência para sempre e sempre. O senhor deve ser muito feliz por ter duas renas tão espertas quanto o "Choão Praga" e o "Efandro a Felar".
E eu que nem me comportei bem esse ano...


Aí dentro, Papai Noel!